sexta-feira, 25 de abril de 2008

Que saudade do meu voto ( Parte 3 )

Findado o BBB, tendo o ganhador ficado com a nítida certeza de que agora a Fama o visita, voltemos ao campo da política.
Para o leitor que me acompanhou nas últimas quatro semanas esse parágrafo é desnecessário, pode-se pular para o próximo. Para o leitor que agora me visita, mesmo sem Fama, devo lembrar que estes artigos tratam da compreensão de como se dá a alienação política nas grandes metrópoles e como podemos contornar tal situação se nos remetermos aos modos como a política é feita no interior deste país. Portanto mãos à obra.
No primeiro artigo desta série falei sobre a tristeza que senti ao me mudar para a capital e não ter o mesmo assédio que sofria na minha cidade natal, quando se aproximavam as eleições.
Falei também sobre a idéia que podia mudar tal realidade: criar um cargo abaixo de vereador nas grandes metrópoles para trazer à baila o jogo político.
Neste instante o leitor mais voraz irá ler as próximas linhas com ódio, raiva, ganância, talvez pensando o óbvio: “será possível que esse maluco está querendo criar mais um cargo político para ser sustentado pelo povo, pelo meu dinheiro?”
Sim acertou, eu estou querendo criar mais um cargo político mesmo que não compartilhe com a idéia de que seja um dinheiro mal gasto. Por quê?
O cargo de vereador para cidades como Belo Horizonte já não faz mais efeito para a disputa política. Aqui, nós sequer conhecemos estes políticos, quanto mais participamos de suas campanhas. Tudo isso acontece pelo motivo dito no primeiro artigo: se eu votar ou não no meu candidato, meu compromisso cívico não fará a menor diferença para fazê-lo um vencedor ou perdedor. Então meu voto, individualmente falando, não tem valor algum.
Sendo assim, é necessário haver um cargo abaixo de vereador para que haja de fato uma disputa onde meu voto possa fazer alguma diferença na contagem final, sentindo-me valorizado por isso, conseqüentemente feliz por estar participando de um jogo de interesses pessoais, sociais e financeiros, que é enfim o resumo da palavra política.
Fiz algumas pesquisas pelo interior mineiro e cheguei a um número que acho razoável para a não alienação política: 500.000 habitantes. Com cidades acima deste número o processo de votação já começa a ficar desmotivante. Nesta mesma pesquisa constatei o que já sabia: conforme diminui o tamanho da cidade, mais acirrada é a política exercida nela.
Portanto a proposta é: um cargo que aqui chamarei de “Regionador”, abaixo de vereador, para cidades acima de 500.000 habitantes, dividida por zonas de 15.000 pessoas, disputado por candidatos moradores destas zonas, com o objetivo de trazer novamente o povo à cena política, através do resgate do valor do voto.
Talvez os mais incrédulos poderão perguntar: mas o que fará o “Regionador”? Em princípio, nada. Mesmo porque a intenção não é arrumar trabalho para ninguém, mas sim fazer deste novo candidato um instrumento de interesse político das grandes massas, transformando as pessoas de meras espectadoras a partícipes da democracia brasileira. Isso é pouco? Não confundamos esta nova proposta com o voto distrital. Semana que vem veremos porquê.

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